15 de janeiro de 2018

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Um olhar (sem filtro) sobre os Millenials

Há muitos anos escrevo o texto de Ano Novo para o Hôtelier News abordando temas diferentes, mais humanizados. Esse ano, como lido com muitos Y’s, tendo até algumas das suas características, nada melhor que trazer alguns dos pensamentos do incrível Simon Sinek para desejar um 2018 incrível para você.
E ao contrário do que você possa imaginar, esse tema ainda é relevante, atual e importante para o mercado. Veja alguns números de uma pesquisa recente com 8.000 Millennials divulgada pela Forbes:

  • Eles querem estabilidade, mas não deixam a mobilidade na carreira de lado;
    Enquanto 17% esperam uma promoção anual, 40% expressaram o desejo de trabalharem em um cargo de liderança;
  • Entretanto, é a geração com menor empatia até hoje, característica fundamental para líderes.

O índice Davis Interpersonal Reactivity, que mede quantas pessoas empáticas se manifestam em diferentes situações, revelou que houve uma diminuição de 48% na preocupação com a empatia entre jovens ao longo dos últimos 40 anos.
Se você é um Millenial, leia o texto abaixo, encare a (dura) realidade da sua geração, invista em relações interpessoais e quebre esse ciclo vicioso.
Se você é Baby Boomer ou Gen X, como eu, vamos assumir nossa responsabilidade perante essa galera ousada, e que não está disposta a trabalhar no que não gosta só por dinheiro. Vamos transformar esse idealismo todo em prol de uma sociedade e pessoas mais equilibradas e ‘de bem’ consigo mesmas.
Boa Leitura e um 2018 Sensacional!!!
—-
Aparentemente, Millenials, nascidos entre 1980 e 1994 (segundo a classificação americana) e entre 1985 e 1999 (segundo a brasileira), são difíceis de gerenciar. Eles são acusados de narcisistas, desfocados e preguiçosos.
Quando perguntados: “O que você quer?“, dirão “…queremos trabalhar em um lugar com propósito, causar impacto, comida grátis e cadeiras com designs diferentes”. 
Mas pasmem, quando oferecemos todas essas coisas, ainda não ficam felizes.
E isso acontece porque tem peças faltando nesse quebra cabeças. São 4:

1) Educação em casa fracassada – muitos Millennials (ou Geração Y) são frutos de estratégias de paternidade/maternidade fracassadas, onde lhes foi dito que eram especiais o tempo todo e que podiam ter o que quiserem na vida, só porque querem isso. Alguns deles ganharam nota máxima na escola não por merecerem, mas porque os professores não queriam lidar com seus pais. Algumas crianças receberam medalhas de participação, mesmo chegando em último.
Qual o problema disso? A ciência diz que ele desvaloriza a medalha e a recompensa, se sentindo até envergonhado, pois sabe que não merecia, se sentindo pior. Aí eles se formam, conseguem um emprego, são empurrados para o mundo real e, num instante, descobrem que não são especiais. A mãe deles não pode conseguir aquela promoção, e se ele chega em último, não vai ganhar absolutamente nada. Em um instante, toda a imagem que tem de si mesmo é destruída. Então, temos uma geração inteira com auto estima bem abaixo das gerações anteriores. E agravando ainda mais a situação, estão crescendo no mundo do Facebook / Instagram, em outras palavras, experts em colocar filtros nas coisas. Somos bons em mostrar às pessoas que a vida é incrível mesmo que estejamos deprimidos.
2) Tecnologia – Sabemos que o envolvimento com as mídias sociais e nossos celulares libera um produto químico chamado dopamina. Por isso é tão bom quando recebemos uma mensagem.
Em um estudo de 2012, pesquisadores de Harvard informaram que falar sobre si mesmo através de mídias sociais ativa uma sensação de prazer no cérebro, geralmente associada a alimentos, dinheiro e sexo. É por isso que contamos os gostos, é por isso que voltamos dez vezes para ver se a interação está crescendo. E se não recebemos muitos ‘likes’, nos perguntamos se fizemos algo errado ou se as pessoas não nos amam mais.
A dopamina é exatamente o mesmo produto químico que nos faz sentir bem quando fumamos, bebemos e jogamos. Em outras palavras, é altamente viciante. Temos restrições de idade para fumar, beber e jogar, mas não temos restrições de idade em redes sociais e telefones celulares. Que é o equivalente a abrir o armário de bebidas alcoólicas e dizer aos nossos adolescentes “Sirva-se à vontade! Fique anestesiado sempre que a adolescência ficar mais difícil!”
Quando somos crianças, a única aprovação que precisamos é de nossos pais. Quando passamos para a adolescência, precisamos a aprovação de nossos pares. Mas agora, porque estamos permitindo um acesso irrestrito a esses dispositivos e mídia, nossos jovens precisam de aprovação de todos, o tempo todo. E eles estão ficando rígidos e envelhecendo rápido. Resultado: muitos jovens não sabem como formar relacionamentos profundos e significativos, porque não têm os mecanismos de enfrentamento para lidar com o estresse.
Então, quando o estresse significativo começa a aparecer em suas vidas, eles não estão se voltando para uma pessoa, mas para um dispositivo, para as mídias sociais, para essas coisas que oferecem alívio temporário. A ciência é clara ao afirmar que as pessoas que passam mais tempo no Facebook sofrem maiores taxas de depressão. Lembrando que não há nada de errado com álcool, jogos de azar e redes sociais de vez em quando, mas o desequilíbrio é ruim.
Se você está sentado no jantar com seus amigos ou em uma reunião com pessoas que você deveria estar ouvindo e falando, e está enviando mensagens de texto para alguém que não está lá, isso é um problema. Isso é um vício.
Se você acordar e verificar seu telefone antes de dizer o bom dia para sua namorada, namorado ou esposa, você tem um vício. E, como todos os vícios, com o tempo, destruirá os relacionamentos, custará o tempo, custará dinheiro e piorará sua vida.
3) Impaciência – Eles cresceram em um mundo de gratificação instantânea. Quer comprar algo, vai na Amazon e chega no dia seguinte. Quer assistir a um filme, faz login e assiste. Quer ter um primeiro encontro, nem precisa ser socialmente estranho ou se sentir desconfortável, como muitos de nós já foi. É só deslizar para a direita e…feito! Você nem precisa aprender o mecanismo de enfrentamento social. (Obs.: Se você não entendeu a referência, pergunte para alguém com menos de 25 anos, e por favor, se atualize!!)
A gratificação é instantânea, exceto a satisfação no trabalho e a força dos relacionamentos. Eles são processos lentos, sinuosos, desconfortáveis e confusos.
E então, vemos Millennials maravilhosos, garotas inteligentes, idealistas e trabalhadoras que acabaram de se formar e estão em seu primeiro emprego.
Você pergunta:
– “Como está indo?”
Elas respondem:
-“Acho que vou parar.”
Você com cara de espanto:
“Por quê?”
Elas dizem rapidamente:
– “O que estou fazendo não está trazendo impacto.”
– Você complementa:
– “Mas você só está lá há oito meses…”
É como se estivessem no pé de uma montanha e no topo existisse esse conceito abstrato chamado ‘impacto’  que querem ter no mundo. O que eles não veem é a montanha. Não importa se você sobe a montanha rápida ou lentamente, mas é preciso tomar consciência que ainda há uma montanha. E o quê essa nova geração precisa aprender é paciência. Afinal, algumas coisas que realmente importam, como o amor, a realização do trabalho, a alegria, o amor à vida, a autoconfiança, ou uma habilidade, levam tempo. E, se você não pedir ajuda e aprender essa habilidade, vai cair da montanha.
No pior cenário, continuaremos vendo o crescente aumento nas taxas de depressão e suicídios nesta geração. No melhor cenário, teremos uma população inteira crescendo e passando pela vida simplesmente sem nunca encontrar alegria. Só passarão pela vida e as coisas serão ‘OK’.
4) Ambiente – Estamos levando esse incrível grupo de jovens fantásticos, que acabaram de sair de ‘mãos ruins’, e as colocamos em ambientes corporativos que se preocupam mais com números e ganhos de curto prazo do que com esses jovens seres humanos. São ambientes corporativos que não os ajudam a construir sua confiança, aprender habilidades de cooperação, superar desafios do mundo digital e a encontrar mais equilíbrio. Isso não está ajudando-os a superar a necessidade de gratificação instantânea e ensinar-lhes as alegrias, impacto e a sensação de dever cumprido que obtemos ao trabalhar arduamente em algo por muito tempo que não pode ser feito em um mês ou mesmo em um ano. E o pior é que NÓS os colocamos lá, e eles pensam que são eles. Eles se culpam, pensam que são eles que não podem lidar. E isso torna tudo pior.
Não são eles. São as corporações, é o ambiente corporativo, é a falta total de boa liderança em nosso mundo hoje que está fazendo com que eles se sintam desse jeito.
Exemplo para minimizar isso: Não deve haver celulares nas salas de conferências. Nenhum, zero. Quando estamos sentados esperando uma reunião começar, devemos nos concentrar na construção de relacionamentos. Que tal fazer perguntas pessoais:
– “Como está o seu pai? Ouvi dizer que ele estava no hospital.”
– ” Ah, ele é muito obrigado por perguntar. Ele está realmente em casa agora.”
– ” Oh, eu estou feliz em ouvir isso.”

É assim que você forma relacionamentos.
– “Ei, você já fez esse relatório?”
– “Não, eu esqueci completamente.”
– “Eu posso ajudá-lo. Deixe-me ajudá-lo. ”
– “Sério? “

É assim que se forma a confiança, e não é de um dia para o outro.
Não leve seu celular para a cama, deixe-o na sala de estar. Alguns dirão: ‘mas é meu despertador’. Compre um despertador. Eles custam até R$ 20.
O foco agora é compensar o déficit. Não temos mais escolha. Ajude essa incrível, idealista e fantástica geração a construir sua confiança, aprender paciência, aprender as habilidades sociais, encontrar um melhor equilíbrio entre vida e tecnologia, porque, francamente, é o certo a fazer…e você sabe disso!
Assista abaixo a entrevista (legendada) de Simon Sinek sobre os Millenials:

Artigo também publicado no Hôtelier News AQUI.
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