15 de junho de 2016
VoltarPorque alguns hotéis dão certo e outros não?
Antes de mais nada, o que significa ‘dar certo’?
Entendo que está relacionado à longevidade, o que remete a um negócio sustentável.
Aprofundei mais o assunto após ler em um site internacional a pergunta Hotel é um negócio lucrativo? E a resposta foi:
‘Devido à crescente concorrência, declínio da economia e demanda de turistas, é difícil para hotéis se manterem no topo. Após acertar a folha, fazer a manutenção e pagar todas as despesas, a margem de lucro é pequena. Sua única esperança é que a área de eventos, restaurante e spa ganhem dinheiro suficiente para pagar as contas.’
Catastrófico, não?
Achei um pouco exagerado sim, mas gostei dos conselhos posteriores para evitar que essa tragédia grega aconteça:
- Seja inteligente com seu dinheiro.
- Seja eficiente e tão produtivo quanto possível.
- Com uma ocupação oscilante, tão característica do setor, seu nível de serviço precisa ser alto para aumentar o número de clientes que retornam. Essa será a base forte do seu negócio.
- Se for realmente necessário, encontre o equilíbrio entre a decisão do que ‘cortar’ e manutenção do bom nível de serviço.
Ou seja, o segredo para um hotel ‘dar certo’ é equilibrar Custo e Qualidade.
Mas para aprofundarmos mesmo o assunto, recorri a um dos maiores especialistas na análise de empresas, Jim Collins, considerado o sucessor do incrível Peter Drucker.
Sabemos que o insucesso não acontece de repente, e Collins descreveu, após anos de pesquisas, os 5 estágios das empresas em declínio.
O ideal é que sua empresa não esteja nem no 1º estágio, mas se conseguir enquadrá-la em algum deles, enquanto não estiver na etapa 5, a recuperação é possível.
Deixe a emoção de lado nesse momento, e compare cada item abaixo com a realidade do seu hotel.
Etapas do Declínio
1 – Excesso de confiança proveniente do sucesso.
Indicadores:
- Arrogância.
- Distração com ameaças irrelevantes.
- O ‘o que’ substitui o ‘por quê’.
- Queda na orientação para o aprendizado.
2 – Busca indisciplinada por mais
Indicadores:
- Busca insustentável pelo crescimento, confundindo grande com excelente.
- Cada vez menos pessoas certas em posições chave.
- Desgaste na disciplina dos custos.
- Burocracia subverte a disciplina.
- Sucessão problemática de poder.
- Interesses pessoais acima dos organizacionais.
3 – Negociação por riscos e perigos
Indicadores:
- Correr riscos com base de dados ambíguos.
- Eternização da culpa.
- Reorganizações obsessivas.
- Enfatizar o positivo, minimizando perigosamente o negativo.
4 – Luta desesperada pela salvação
Indicadores:
- Agarrar-se a um salvador.
- Pânico e afobação.
- Mudança radical com ‘alarde’.
- Melhora inicial seguida de decepções.
- Confusão e ceticismo.
5 – Entrega à relevância ou à morte
Indicadores:
- Muitos gestores desistem da luta.
- Opções vão se esgotando.
Todos os hotéis são suscetíveis de entrar em declínio, mesmo os grandes. Mas é possível se recuperar, e até voltar mais forte do que nunca, mesmo após mergulhar nas profundezas do estágio 4.
Notaram como tudo começa com ‘arrogância’?
Portanto, 3 dicas rápidas do Collins para fechar:
- Mantenha a visão abrangente do seu negócio. Quando estamos com medo, estreitamos o foco, e não enxergamos as ameaças se aproximando. Faça como o técnico de futebol que vai para a arquibancada assistir o jogo do seu time. Observe sempre o ‘campo de batalha’ do alto.
- Contrate certo e não deixe pessoas erradas continuarem no hotel. Isso é injusto com as certas, que acabam tendo que compensar o trabalho, e ficam frustradas. E ao invés de ‘motivar’ e ‘achar culpados’, invista em ‘não desmotivar’ e ‘achar a verdade’. Acredite, você estará economizando uma quantidade considerável de dinheiro, tempo e energia.
- E claro, cultive a humildade, invista no aprendizado constante (independente da sua experiência), e use perguntas para entender, não para manipular.
Não dê o primeiro passo para o declínio, deixe a arrogância de lado, e bons negócios!
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Para aperfeiçoar seu conhecimento no assunto, recomendo o livro ‘Como as gigantes caem’ do Jim Collins.
Esse meu artigo também foi publicado no Hôtelier News. Leia AQUI.