5 de maio de 2010
VoltarTudo o que você precisa saber sobre as OTAs (Online Travel Agencies)
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OTAs (Online Travel Agencies), OTCs (Online Travel Companies), Third-Parties (ou 3rd Parties), Agências Virtuais, Agências Online e tantos outros nomes são, na verdade, denominações do mesmo tipo de negócio: venda de viagens “online” através de um intermediário.
A explicação desse crescimento da distribuição online é fácil de entender. Para o cliente final existem ótimas vantagens: possibilidade de comparar preços em vários sites, conforto ao efetuar reservas de casa e total privacidade e segurança dos seus dados financeiros.
Por outro lado, as OTAs funcionam melhor para viajantes com programação flexível, pois, muitas vezes, ficam limitadas ao inventário (disponibilidade e preços que os hotéis deixam a sua disposição) previamente estabelecido.
Portanto, para atrair clientes, as OTAs precisam de acordos super diferenciados com os hotéis e uma exposição especial no ranking dos sites de busca. E, acreditem, elas são experts nisso! Muito mais do que a maioria dos hotéis.
A fim de permanecerem competitivos, muitos hotéis já perceberam que vale mais a pena gastar seu orçamento de marketing em sites de terceiros do que na mídia tradicional. Além disso, também melhoraram o conteúdo das suas próprias homepages. Afinal, esse é o canal de distribuição mais barato que existe (custo 8,3 vezes menor que as OTAs), que evita o pagamento de comissões e ainda proporciona total controle do seu inventário.
Como conseqüência, vivenciamos uma batalha comercial inevitável entre as OTAS e as homepages dos hotéis.
E as agências online vêm trabalhando duramente para orientar o consumidor para seus sites. Hoje em dia, os OTCs têm fotos de hotéis e apartamentos, informações sobre preços e ofertas e, até mesmo, dados sobre entretenimento local e reviews (comentários) dos hóspedes.
As maiores OTAs do mundo hoje são:
• Expedia, Inc (Incluindo Expedia.com, Hotels.com, Hotwire.com e outras)
• Sabre Holdings (Incluindo Travelocity, Lastminute.com e outras)
• Opodo
• Piceline.com
• Orbitz Worldwide, Inc – (Incluindo Orbitz.com, CheapTickets, ebookers e outros) – 48% dela pertence à TravelPort (um dos maiores conglomerados da indústria de turismo do mundo)
O desafio agora é gerenciar os muitos e complexos canais de distribuição disponíveis sem negligenciar os métodos tradicionais de reservas.
E quem é o responsável por essa gestão dentro de um hotel?
E pensar que 10 anos atrás esse tipo de trabalho (essencial hoje em dia) nem existia.
Exemplo: Quando você assina um contrato (tarifa NET – sem comissão) com a Expedia, seu hotel poderá ser revendido por Expedia.com, Hotels.com e, literalmente, por outros milhares de sites afiliados que revendem o inventário do Expedia.
Essas reservas chegam aos hotéis como TravelNow.com e muitos hoteleiros são sabem o que isso significa (até agora).
As grandes OTAs não fazem isso, pois sabem que ficarão expostas e tachadas como antiéticas, mas quem controla os milhares de afiliados?
Fica claro que aos 3rd parties já entenderam a importância dos reviews de viajantes no processo de decisão de compra e estão tirando proveito disso.
Resultado: Em 99% dos casos os valores dos sites dos hotéis foram mais baratos para o cliente final. Mas também ficou claro que as OTAs oferecem uma “sensação” de ganho maior. Mas é só sensação mesmo, pois muitos benefícios e serviços não estão disponíveis nas diárias que os 3rd parties oferecem. O problema é que nem sempre o consumidor se dá conta desses detalhes e vê somente o preço final.
Para comprovar essa teoria, verifiquei as tarifas de alguns hotéis de São Paulo nos seus sites e nas principais OTAs enquanto escrevia esse artigo. O resultado foi o mesmo. Tarifas ligeiramente mais baixas nas homepages dos hotéis e mais altas nos sites afiliados. Pela lógica comercial, tudo certo!
Com base nesses fatos, acho até engraçado quando, ainda hoje, muitos (a maioria) dos hoteleiros ainda vivem sob o paradigma da paridade tarifária. Em qualquer evento do trade que assistimos, a paridade de tarifas é tratada como algo intocável, vital para o sucesso nos negócios.
Enfim, a polêmica sobre o assunto parece estar recém começando.
Outro exemplo da dimensão que isso tomou é da Priceline.com, que lançou um comercial (vinculado em horário nobre na televisão e exemplo de marketing viral na internet) chamado: “Priceline Negotiator” (O Negociador Priceline). Veja o vídeo original aqui (em inglês).
– “É sábio deixar um produto perecível estragar?”
Shatner (Hóspede): “Sim, porque deixar um apartamento vazio?”
Recepcionista: “A receita adicional facilmente cobre os custos operacionais.”
Shatner: “65 Dólares é melhor que nada.”
Até agora, nenhum hoteleiro se pronunciou sobre o anúncio.
Mas na França, parece que a indústria hoteleira resolveu se posicionar e levou um caso de “suposto abuso” por parte de uma OTA aos tribunais.
Há poucos dias, o Sindicato dos Hoteleiros franceses (Synhorcat) promoveu uma ação, alegando que os hotéis que não trabalham com o Expedia são listados no TripAdvisor sem apartamentos disponíveis, mesmo com disponibilidade. O Sindicato alega que, além de discriminatória, a ação inibe o consumidor a contatar diretamente o hotel para fazer sua reserva. Além disso, ainda critica informações como “desconto de 75% sobre as tarifas dos hotéis” no site do Expedia. Isso dá a sensação de que os hotéis estão com constantes descontos pelo Expedia, enquanto, na verdade, são preços aplicados somente em períodos restritos.
Boas decisões!
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