15 de março de 2013

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Paridade de Tarifas e Divergência de Opiniões

Conceitualmente, paridade é oferecer condições de igualdade tarifária em todos os canais, independente da comissão negociada.

O termo, bem como a difusão de sua prática, fortaleceu-se em 2003, com a necessidade das OTAs (Online Travel Agencies) de se manterem competitivas entre si, e dos hotéis em evitar a diferença de preços entre seus canais e de seus distribuidores,
Não confunda paridade com integridade tarifária, que significa precificar de acordo com quanto vale seu produto/serviço. Integridade de tarifas é um hotel de luxo nunca oferecer preços que concorram com um midscale, por exemplo.
A cada ano que passa, a unanimidade sobre o assunto vem dando espaço a debates e comparações da hotelaria com outras indústrias.
captura-de-tela-2016-10-06-as-17-12-13Para os defensores:
– Paridade incentiva consumidores à reserva direta, sem a possibilidade de encontrarem vantagens com terceiros;
– Evita confusão com OTAs, visto que exigem isso nas suas negociações;
– É possível controlar. Em períodos de alta demanda, o RM fecha as categorias com grandes descontos mais rapidamente;
– É praxe de mercado;
– Gerenciar paridade é simples. As ferramentas de gestão de canais ajudam. Hoje, somente a falta de conhecimento leva à falta de paridade;
– Sem a paridade o consumidor fica confuso;
– A opção de compra não é realizada só pelo fator preço, mas sim por condições de pagamento, segurança, facilidade, entre outros;
-Contribui com a integridade da sua tarifa.
Para os críticos:
– É uma imposição, uma restrição de mercado;
– Para os hotéis que trabalham com Extranet e têm muitos contratos, o trabalho é imenso;
– Não favorecer nenhum canal significa não favorecer seu próprio site também;
– É utopia, visto o dinamismo da mudança das tarifas atualmente. Impossível controlar;
– Paridade significa que é responsabilidade do hotel garantir o mesmo preço em todos os canais. E, independente se o custo da comissão é 15% ou 30%, o hotel deve ajustar seu preço líquido para que os intermediários possam competir uns com os outros em pé de igualdade no mercado;
– Como em qualquer outra indústria, poderia existir então a Paridade NET. O hotel decide quanto vale o seu quarto em um determinado dia. Então, cabe a cada agência decidir o quanto quer aumentar o preço, e elas competiriam umas com as outras;
Briga na justiça
Enquanto você está lendo esse artigo, pelo menos duas ações judiciais coletivas nos EUA acusam redes hoteleiras e grandes OTAs de violação ao direito da concorrência.
Especialistas que acompanham outros casos na Inglaterra afirmam que algo vai mudar. Está ficando caro mediar tantos desentendimentos no setor.
OTAs, as grandes defensoras da paridade
Assim como o Hilton, que oferece 500 pontos em seu programa fidelidade ou wi-fi gratuita para reservas feitas pelo site, muitos outros hotéis adotaram ações mais agressivas para incentivar a venda direta.
Foi aí que as OTAs se tornaram ainda mais ferrenhas na defesa da paridade.
Se um hotel se descuida e não cumpre a paridade, as OTAs saberão – e vão cobrar. Elas possuem poderosas ferramentas de gestão de canal e são rigorosas nas punições, que vão desde o rebaixamento do hotel em seu próprio ranking até multas e exclusão no sistema de reservas.
E não importa seu tamanho. As OTAs pequenas querem paridade com as grandes. As grandes querem paridade com os fornecedores (hotéis). A vigilância acontece 24h/dia.
Desafios dos RMs
Segundo estudo de 2012, feito pela École Hôtelière de Lausanne e pela RateTiger em 5 países, a paridade tarifária é o fator que mais influenciou na negligência dos hotéis com relação às estratégias de revenue management.
Além de gastarem com ferramentas de gestão de canais e preços, seus RMs gastam mais tempo garantindo a paridade do que definindo estratégias para alcançar seus 3 principais objetivos:
1) Aumentar RevPar;
2) Diminuir custos de distribuição;
3) Aumentar exposição.

Sejamos realistas. O mundo multicanal e complexo que vivemos hoje não permite posicionamentos radicais.

Não ofereça paridade apenas porque todo mundo faz.
Se está com medo de se indispor com uma OTA, responda: “Ela te dá negócios suficientes para a cláusula da paridade valer a pena?”
Se a resposta é não, simplesmente não assine. Se a resposta é sim, vá em frente.
Usufrua dos benefícios da paridade, mas não se deixe “enquadrar”. A paridade deve ser encarada como mais uma ferramenta da sua estratégia de precificação, assim como integridade e flutuação.
O inventário é seu, a decisão é sua.
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Esse meu artigo também foi publicado no Hôtelier News. Veja Aqui.
Tags: paridade
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