26 de agosto de 2010

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O Poder do Conhecimento

Esse meu artigo também foi publicado no Hôtelier News. Leia AQUI.
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Para que estudar, se a experiência é o que vale?!” Tenho certeza que você já ouviu essa frase (ou até falou) por aí. Em hotelaria então, isso é o dia-a-dia. Parece que só há espaço para crescimento de pessoas com larga experiência operacional.
Dias atrás, meus alunos do bacharelado de hotelaria comentaram que uma profissional bem sucedida do ramo disse em uma palestra que não há necessidade de estudo para crescer em hotelaria.

Caso você acompanhe meus artigos, já pode imaginar o tamanho da minha indignação com esse tipo de posicionamento, ainda agravada pelo fato de ter acontecido dentro de um ambiente acadêmico.
Bem, enquanto hoteleiros pensarem assim, realmente nada vai mudar. Continuaremos vendo:
– Evasão de bons profissionais da hotelaria para outras indústrias;
– Poucos profissionais com visão estratégica e com ampla visão do negócio;
– Escassos cursos de especialização, pós e MBAs para formar gestores hoteleiros;
– Estudantes com uma visão romântica da indústria. Para esses, indico um estágio urgente! Isso é a melhor ‘vacina’ para que as expectativas fantasiosas da hotelaria sejam vistas por uma perspectiva realista;
– Falta de pesquisa na área (tanto conceituais quanto de números do segmento).

Aliás, as poucas pesquisas que existem não vêm com nenhum tipo de análise. Esse item é um indício claro do quanto precisamos de mais cabeças pensantes no segmento.

Espero poder participar de eventos do trade no nosso país sem precisar ouvir palestrantes passando dados e tendências dos Estados Unidos ou Europa.
Realmente temos um problema conceitual aqui. No Brasil, quando falamos em educação, as pessoas logo associam a diploma. Ledo engano. Afinal, hoje em dia, um certificado tem prazo de validade cada vez mais curto.

Sabemos que, amanhã, tudo o que aprendemos hoje pode (e vai) mudar.

Portanto, é importante termos consciência de que informação é um bem dinâmico. Já conhecimento é saber o que fazer com a informação disponível. Estamos falando de aprendizado interativo, colaborativo e personalizado.


Eric Mazur, professor de Harvard, disse: “Educação é muito mais do que mera transferência de informação. A informação precisa ser assimilada. Os alunos têm de conectar a informação ao que já sabem, desenvolver modelos mentais, aprender a aplicar o novo conhecimento e adaptá-lo a situações novas e desconhecidas“.

 

(foto: blog.opovo.com.br)

Como disse Gil Giardelli, CEO da Gaia Creative, em um excelente artigo para a HSM Management semana passada: “Vivemos em uma era em que a simples troca de informações é o motor de grandes mudanças”. Imagina o valor agregado do profissional que sabe encontrar, analisar e tomar decisões assertivas com base em informações relevantes?

Portanto, vamos ampliar isso. Estamos falando aqui em aprender. E você pode (e deve) aprender todos os dias, pela vida toda. O problema é que as velhas desculpas sempre aparecem nesses momentos: “não tenho tempo”, “não tenho dinheiro”, “tenho outras prioridades no momento”. E outras mais sinceras: “não consigo me concentrar”, “tenho preguiça”, “não sei pesquisar”, “não sei o que quero…”

Não costumo aceitar muito os argumentos acima. Já ouvi até que alguns artigos são longos demais. Bem, para essas pessoas, nem perguntei qual o último livro que leram.

Em um mundo digital, onde absolutamente TUDO está disponível para todos na internet, sempre digo que, atualmente, a sala de aula serve para debate, networking e organização de informações e ideias. Hoje em dia, só não aprende quem não quer.
Esses dias fiz um teste. Meus alunos tinham 30 minutos para pesquisar sobre certo assunto na web. A maioria voltou sem nada nas mãos. Motivo: tirar informação da internet para eles se resume a foto abaixo:

 

 

Tradução: “Tirar informação da internet é como tomar um drink em um hidrante!”

Portanto, pare de ser escravo da internet. Faça-a trabalhar para você. Com os sistemas de busca, redes sociais, RSS e assinatura de algumas newsletters, você clica somente nos links que de seu interesse que já chegaram no seu email.

Também procure estudar em instituições de renome. O quadro de professores importa sim.

Os benefícios do conhecimento são inúmeros:
– Maior autoconfiança (pessoal e profissional)
– O que todo mundo sabe: “Quem lê mais, escreve e fala melhor!
– Poder de análise. Exemplo: muito comum existirem pessoas que não sabem traduzir, analisar e explicar dados numéricos.
– Autonomia do pensar. Aceitar passivamente opiniões e/ou modelos prontos de pensamento nos fazem menos interessantes, tanto no ambiente de trabalho quanto pessoal. Acredite: senso crítico faz toda a diferença em um profissional.


Para comprovar isso, veja o que diz a pesquisa do Economist Intelligence Unit (EIU) de 2009, sobre as habilidades consideradas muito importantes e que faltam aos profissionais da América Latina:

  • Pensamento crítico – 78%
  • Capacidade para solucionar problemas – 73%
  • Aptidões pessoais, como negociação e networking – 72%
  • Liderança – 66%
  • Comunicação oral e escrita – 65%
  • Compreensão das implicações financeiras de decisões de negócios – 60%
  • Vários idiomas – 49%
  • Ciência, tecnologia, engenharia e matemática – 43%
  • Proficiência tecnológica – 40%
  • Análise estatística – 23%

Se nada disso ainda o convenceu, lembre-se que o conhecimento tem um caráter libertador, transformador. Isso explica por que as ditaduras limitam o direito a ele, à cultura e à informação. Junto com o aspecto monetário e moral, o conhecimento é um dos três itens que compõem a liberdade do ser humano.

E, por favor, vamos parar com essa história de escravos da hotelaria. Se você se sente um escravo (de qualquer coisa), é porque onde está não sente prazer nem reconhecimento pelo que faz. Mas a questão aqui é simples: partindo do pressuposto que você é o dono da sua vida (e não a empresa), o que você está fazendo para sair dessa situação? Pare de colocar a culpa em algo (ou alguém) e assuma o controle da sua vida profissional.

Pelo lado corporativo, de acordo com especialistas, a melhor maneira de uma empresa transferir o conhecimento é contratar pessoas perspicazes e deixar que elas conversem entre si.
Entretanto, na prática, o que vemos dentro de hotéis são pessoas brilhantes sobrecarregadas de tarefas que lhes deixam com pouco tempo para pensar, e nenhum para conversar.

Portanto, seja aquele profissional que “quer algo mais”. Não se acomode, não se contente com um dia a dia sem desafios, inovação e novas ideias. Aliás, se você está lendo esse texto até aqui já é um bom sinal!

E se você é um gestor ou dono do seu próprio negócio, permita (até incentive) uma boa conversa entre seus colaboradores.
Independente da área, a atualização de um profissional deve ser permanente. Escolha um assunto de seu interesse e de aplicação prática na vida profissional e faça cursos, especializações, assista palestras, participe de associações do setor, invista em um bom networking, seja criativo, comunicativo e converse sempre.
Termino com uma frase do artigo A libertação no mundo por meio da banda larga: Não use velhos mapas para descobrir novas terras!

Se você realmente quer se destacar no mercado de trabalho, invista no seu diferencial! E, junto com sua reputação, o conhecimento é tudo o que realmente você levará para sempre na sua jornada profissional. Portanto, cuide da sua imagem, garanta seu futuro e aprenda…sempre!
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