27 de julho de 2011

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O Poder do Arco-íris

Seu hotel é Gay Friendly ou Hetero Friendly?

  1. a)    Nenhum dos dois. Meu hotel é normal.
  2. b)   Do que você está falando?
  3. c)   Gay Friendly…acho!
  4. d)    Não quero falar sobre esse assunto.
Se você é hoteleiro e se enquadrou em qualquer uma das respostas acima, leia o texto abaixo e reveja seu conhecimento de mercado. O poder do arco-íris é maior do que você imagina!
O Símbolo
A bandeira do arco-íris foi criada pelo artista plástico Gilbert Baker, em 1977, e não tem a cor rosa, geralmente associada aos homossexuais. Suas seis cores representam a diversidade sexual humana.
A bandeira foi empunhada pela primeira vez por milhares de manifestantes em San Francisco (U.S.), durante a famosa parada gay local, em protesto pelo assassinato do primeiro candidato a vereador assumidamente gay da cidade.
Desde lá, é vista em paradas e em locais como bares, restaurantes e lojas com predominância do público homossexual ou que recebem esses clientes sem nenhum tipo de preconceito.

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O Poder do Pink Money
Mas o assunto aqui é analisar o segmento LGBT como consumidor, pois seu poder de compra é surpreendente. Vamos a alguns dados:
  • 10% da população do Brasil é composta por homossexuais  – 19 milhões de pessoas, sendo 9,4 milhões economicamente ativos. (Fonte: IBGE)
  • Homossexuais gastam 30% mais que os heterossexuais, pois não costumam ter filhos. (Fonte: GLBT e SEDH)
  • 69% dos gays já assumiram sua condição e, nessa mesma proporção, 65% conta que já sofreu algum tipo de discriminação.
  • Faixa etária predominante: de 20 à 55 anos (Fonte: Plano Aquarela)
Vejam algumas informações da InSearch sobre o perfil dos gays masculinos brasileiros:
  • 39% dos gays (masculinos) pertencem às classes A e B. 
  • 48% dos gays (masculinos) tem nível superior. 
  • Gays gastam 60% a mais em cosméticos e 28% a mais em itens culturais e educativos. 
  • 88% lêem jornais 
  • 48% tem TV por assinatura 
  • 57% compram livros (média de 8 por ano)
Não dá mais para ignorar o poder do Pink Money

Captura de Tela 2016-06-28 às 20.48.42Turismo GLS

Pelo fato dos gays sairem mais de casa e serem mais sociáveis, consequentemente, gastam mais.
O detalhe é que a exigência por requinte e conforto é ainda maior. Como o consumo é em benefício próprio, o hedonismo permite gastos mais altos. Tudo bem pagar mais, desde que recebam produtos e serviços de qualidade.
De acordo com a International Gay & Lesbian Travel Association (IGLTA), o turismo GLS movimenta USD 100 bilhões por ano e vem crescendo 20% ao ano em todo o mundo.
No Brasil, com o crescente pontencial do Pink Money, o Ministério do Turismo (MTur), a Associação Brasileira de Turismo GLS(Abrat-GLS) e o Sebrae promoveram, pela primeira vez, o encontro de negócios com foco no público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) durante o 6° Salão do Turismo, que ocorreu de 13 à 17 de julho em São Paulo.
No ano passado, na Feira das Américas – Abav 2010, realizada no Rio, um passo importante foi dado no turismo GLS no Brasil. A Abrat GLS (Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes) e a Embratur assinaram um acordo para divulgar o Brasil GLS lá fora.
É nítido que ações importantes estão sendo tomadas e que estamos no caminho certo, mas ainda é um assunto que merece atenção. Para escrever esse artigo conversei com algumas agências, associações e turistas gays. Todos, sem exceção, são taxativos ao dizer que a principal deficiência dos hotéis do Brasil é a falta de qualificação profissional.
Ouvi coisas como: “É constrangedor quando recepcionistas ficam sem graça ou com cara de deboche quando um casal gay solicita um apartamento com cama de casal. Isso deveria ser natural!”.
Já Almir Nascimento, presidente da Abrat-GLS, dá como exemplo uma situação onde o funcionário de um hotel deve indicar o toalete para uma travesti. O funcionário de um estabelecimento que queira tratar bem o público GLS deve saber qual toalete indicar, se o feminino ou o masculino.” Neste caso, segundo ele, o correto seria indicar o toalete feminino, pois a hóspede se apresenta com o gênero feminino, devendo, inclusive, ser tratada pelo seu nome de mulher, evitando, assim, constrangimentos.
Sendo assim, o treinamento deve ser comportamental e não só técnico.
Destinos GLS
De acordo com o Lonely Planet, um dos importantes guias online de viagens, o Rio de Janeiro já está entre as 10 principais cidades gay friendly do mundo, pelo ranking de 2011:
  1.  San Francisco, Estados Unidos 
  2. Sydney, Austrália 
  3. Brighton, Inglaterra 
  4. Amsterdã, Holanda 
  5. Berlim, Alemanha 
  6. Puerto Vallarta, México 
  7. Nova York, Estados Unidos 
  8. Rio de Janeiro, Brasil 
  9. Praga, República Tcheca 
  10. Bangkok, Tailândia

Captura de Tela 2016-06-28 às 20.41.05No Brasil, além do Rio de Janeiro, São Paulo vem se destacando cada vez mais pelas suas opções de lazer e menor grau de preconceito. Buenos Aires, aliás, está na briga para entrar na lista das melhores cidades GLS da América Latina.

Fora do eixo RJ-SP, Florianópolis tem feito um trabalho incrível de capacitação de pessoal e só se ouve excelentes comentários da cidade dentro do nicho GLS.
O Nordeste também começa a se mexer e já treina muita gente. Recife se destaca nessa região como destino preferido dos gays.
E a hotelaria?
Não adianta ter qualidade, se intitular gay friendly, e não adotar uma postura condizente.
O que mais vemos por aí são hotéis que só faltam pintar sua fachada de rosa durante as paradas gays para faturar o máximo. Entretanto, durante o restante do ano, deixam os hóspedes gays à mercê do humor e falta de preparo dos seus funcionários sem treinamento. 
E os hotéis também precisam ficar atentos às tendências. A divisão de roteiros somente para homens, mulheres ou mistos é a sensação do momento.
Os homens preferem programas mais urbanos, com boas opções em vida noturna. Costumam viajar em grupo de amigos (ou com outros casais) e querem pacotes com serviço de guia e assistência no destino da viagem.
Já as mulheres apreciam programas ecológicos e gostam de ficar em hotéis mais rústicos, desde que aconchegantes. A Chapada Diamantina é uma das viagens mais procuradas pelo público feminino, enquanto Fortaleza, por exemplo, atrai os turistas masculinos.
Mas seu hotel pode fazer a diferença. A Rede Marriott nos Estados Unidos, por exemplo, disponibiliza seus pacotes de lua-de-mel para serem utilizados por casais gays.
Analise o segmento LGBT como um nicho de mercado e pense fora da caixa. Veja algumas idéias:
  • Chinelos tamanhos 42 e 37 não! Disponibilize, imediatamente após o check in, 2 pares número 42. 
  • Indicações nos Concierges sobre festas e baladas gays. E aqui dá para ir mais além: que tal negociar descontos especiais ou transfers para seus hóspedes? 
  • A dica vale para os motéis também. Atenção aos canais de TV que só passam filme hétero! 
  • E com a nova lei, que tal começar a promover festas de bodas gays?!
Mas nada disso adianta sem muito treinamento. E se você acha atitudes assim muito avançadinhas, saiba que a moda agora é ser Hetero Friendly (hotéis onde os héteros também são bem-vindos e tratados sem preconceito). Idéia genial!
Para saber mais sobre isso, conheça a rede Axel Hotels, que já aterrissou na América do Sul, em Buenos Aires.  Quem sabe eles não dão as caras por aqui?! 

Captura de Tela 2016-06-28 às 20.41.14Para terminar

Em 1997, eu morava na Austrália e tive a oportunidade de acompanhar a parada gay local, que já acontecia lá desde 1978 (http://www.mardigras.org.au). O respeito e a tranquilidade da sociedade em relação ao evento me surpreendeu. Mas o que mais me impressionou na época foi a naturalidade com que a população tratava os casais gays, dos mais expansivos aos mais românticos, em qualquer ambiente público. Nunca havia presenciado nada assim no Brasil e o preconceito pairava por todos os cantos aqui.
Hoje, 14 anos depois, vivo em um país que, finalmente, aprovou o casamento gay, ou, como o Supremo Tribunal Federal prefere chamar, união estável homoafetiva. Independente de como chamamos, é um orgulho ver meu país dar um passo tão importante, demonstrando consciência social e senso democrático.
Estamos caminhando! Agora, falta os hoteleiros terem uma visão mais mercadológica sobre o assunto.
Não perca o arco-íris de vista!
Para maiores informações:
Sugestão de Livro: “O Mercado GLS – Como obter sucesso com o segmento de maior potencial da atualidade” – Autores: Franco Reinaudo e Laura Bacellar.
Veja o excelente vídeo da Campanha para promover o Rio como destino GLS chamado:  Come to live the Rio Sensation
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