18 de janeiro de 2011

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O Marketing deveria ser mais Educativo e Descentralizado

Na última HSM ExpoManagement assisti um bate papo muito interessante com Mário Castelar.

Em um tipo de “sala de estar” com umas 30 pessoas, várias perguntas e um ambiente super descontraído, essa “personalidade” do marketing brasileiro debateu (com sua língua afiada) sobre várias questões. Seguem algumas das minhas anotações (sim, eu anoto tudo e escrevo rápido…rsrs) dos seus “insights”. Você pode até não concordar com ele, mas as frases abaixo farão você pensar:

 

* O marketing pode ter uma função educativa para levar o consumidor pelo caminho do consumo consciente, sustentabilidade, etc.
* Temos a oportunidade de desenvolver a capacidade das pessoas de saber “como” comprar.
* Porque não temos modelos “brasileiros” de marketing. Nossos modelos mentais são americanos, que estão mais à frente no desenvolvimento social. Não podemos mais usar essas referências. Agora temos mercao aqui. É a hora de mudar isso!
* Somos 95 milhões de trabalhadores, o dobro do mercado da França. Antes éramos um “caldo de pobres com milionários boiando”. Agora mudou.
* Ainda temos o complexo de “vira-latas”. O que vem de fora ainda é melhor. Já melhoramos, mas as empresas e marcas precisam entender isso.
* A economia já está se descentralizando (capitais desenvolveram menos que as cidades chamadas “do interior”). Agora precisamos descentralizar a comunicação.
* Distorção de marketing. Ainda muitos falam: “Isso é verdade ou é só marketing?”
* Se realmente o consumidor fosse a coisa mais importante para as empresas, não precisaria de PROCON.

* Trabalho infantil é crime no Brasil, menos na favela.
* Marketeiros vendem a alma por uma boa frase!
* Drucker – “Marketing é a FUNÇÃO da empresa.

* Entre 150 países, Brasil está em 96º em Educação. Exemplo disso são os inúmeros cursos gratuitos que existem e ninguém faz. (Meu adendo: para você que quer começar 2011 diferente, segue vários cursos gratuitos da FGV AQUI. Aproveite!)
* A febre do consumo substitui uma febre legítima de se educar. Pergunte a um adolescente: “Você quer um celular novo ou um curso?”
* E as empresas não colaboram com essa parte pois é somente: “compre, compre, compre…”
* É possível competir pelo diferenciação e não mais por comparação. Você não precisa ser “o melhor”.

* Se as pessoas recebem um massacre de comunicação e não tem educação (o que remete à busca de informação), elas vão comprar sem culpa. 

* Modelo educacional precisa ser revisto. Hoje formamos engenheiros que não são o que o mercado precisa.
* Detalhe: isso é projeto de longo prazo. A reforma demora uma geração (20 anos). Solução: empresas deve incluir no  seu marketing o lado educativo. Mudar o modelo.
* A salvação NÃO está no consumo (como o Lula falou), mas na ética (consumo consciente). É possível ser feliz sem esse consumo exacerbado.
* Debate na França sobre o Foie Gras (uma das maiores iguarias francesas – fígado de ganso – e questão controversa naquele país em função da maneira como os gansos são submetidos a uma super alimentação forçada para criarem gordura no fígado). Os criadores  acham que Deus fez o ganso para serem fornecedores de foie gras. O que isso tem a ver com marketing? Simples: Assim como os criadores de gansos franceses, os marketeiros acham que Deus fez as pessoas para consumir e as empresas para anunciar. Aliás, achamos que eles são anunciantes, e não bancos, indústrias, etc.
*  Mas PESSOAS SÃO PESSOAS – pensando assim, eles são mais parecidos conosco e aí conseguimos nos conectar com elas e temos o estranho desejo de que elas sejam felizes e não comprem.
* O consumo hoje é de conforto e não mais de necessidades básicas.
* Marketing precisa adotar uma conduta educativa. Por exemplo, foi o marketing que nos ensinou a sermos “comportados” no trânsito e como escovar escovar os dentes de forma correta.
* Vamos aceitar o fato que não somos igualitários. Exemplo: “Sou a favor de não passar o sinal vermelho, menos quando estou com pressa.
* Temos resquícios do império. Na Argentina e nos US, a residência do presidente é uma “casa”. Aqui é “palácio”! Brasília é uma côrte!
* Vivemos em um país com cargos que não tem “job description”.
* Precisávamos conversar mais, refletir mais. A muito tempo somos mais fascinados e preferimos o “fim dos tempos” do que o “fim do semestre”.
* Precisamos abrir mão de certos rótulos. Olhar para as PESSOAS! Não somos iguais, mas “valemos” a mesma coisa!
* O rádio não morreu, só os marketeiros é que deixaram de produzir para ele. Usam o mesmo modelo que usam para a televisão.
* Precisamos de programas que atendam esse mercado emergente, que fidelizem pela “gratidão”. 
* É preciso descentralizar programas de comunicação e marketing, adequar a língua à novas mídias.
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