As pessoas que trabalham com vendas, principalmente no mercado de luxo, utilizam muito essa característica humana. O produto/serviço é apresentado de acordo com o que queremos vender. E o importante é vender o “conceito” da informação ou do produto/serviço.
Isso significa que os estímulos chegam e devem “bater” com alguma coisa que já conhecemos. Senão, não prestamos atenção. A não ser que nos tire do nosso processo de “automatização”.
Bem, e nessa “onda” de estudos, cheguei ao maravilhoso mundo do Neuromarketing.
Uma atividade criada pelo professor de marketing Gerry Zaltman que, no final dos anos 90 , coordenou as primeiras experiências na área, na renomada universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Rapidamente a idéia se espalhou, ganhou adeptos e já faz parte do currículo de algumas universidades americanas.
O livro Buyology, lançado em 2008 por Martin Lindstrom, explica em detalhes o que há por trás desses estudos que revelam que é preciso menos de dois segundos e meio para que um consumidor tome a decisão de comprar.
A idéia é simples: mapear do cérebro para descobrirmos como ocorre o processo de escolha (compra) no consumidor.
O processo de pesquisa também: novos produtos, propaganda, e embalagens são expostos a pessoas que têm seu cérebro monitorado por uma máquina de ressonância magnética ao mesmo tempo. Assim, é possível monitorar as sinapses que acontecem de acordo com a imagem vizualizada. O que realmente tem efeito ou não.
Agora fica ainda mais claro o motivo pelo qual agrandes marcas continuam investindo milhões de dólares em campanhas promocionais. Nada é por acaso.
A promessa é fornecer uma visão sem precedentes da mente do consumidor. E isso resulta em:
* Fazer com que o consumidor se comporte do jeito que as empresas querem que ele se comporte.
Mas o Neuromarketing também tem seus opositores. Muitos dizem que a atividade pode causar danos, especialmente em crianças. Além disso, alegam que essa técnica (também chamada de “lavagem cerebral”) pode extrapolar a utilização comercial e alcançar a propaganda de cunho ideológico e segregatório, contribuindo ainda mais para o acirramento de confrontos étnicos e políticos.
Mas Estados Unidos, Europa Ocidental e Austrália já estão aderindo aos mecanismos do Neuromarketing. Empresas como Procter and Gamble, Coca-Cola, General Motors, DaimlerChrysler, Hallmark, Johnson & Johnson e Kellogg são exemplos de empresas que estão patrocinando estudos na área atualmente.
A pscicanalista Maria Rita Kehl escreve sobre o assunto:
“Os publicitários descobriram que é possível fazer o inconsciente do consumidor trabalhar a favor do lucro de seus clientes. O inconsciente, como se sabe, não é ético – nem antiético. O inconsciente é amoral. Ele funciona de acordo com a lógica da realização (imediata) dos desejos, que na verdade não é tão individual quanto
parece. O desejo é social. Desejamos o que os outros desejam, ou o que nos convidam a desejar. Uma imagem publicitária eficaz deve apelar ao desejo inconsciente, ao mesmo tempo em que se oferece como objeto de satisfação. Ela determina quais serão os objetos imaginários de satisfação do desejo, e assim faz o inconsciente trabalhar para o capital. Só que o sujeito do inconsciente nunca encontra toda a satisfação prometida no produto que lhe é oferecido – nesta operação, quem goza mesmo é o capitalista.”
O fato é que, o assunto é novo. No Brasil, ainda não dispomos de bibliografia tão vasta quanto em outros países.
O certo, de tudo isso, é que o ser humano nao pode ser delimitado como um robô (definido por sinopses cerebrais). Emoções e contexto sócio-cultural, como relatado pela Dra. Ana Maria do Mackensie, fazem parte das nossas decisões.
Mas algumas coisas ficaram claras: a importância da conexão emocional do consumidor com a marca e a Neurociência estar, cada vez mais, presente nos estudos sobre comportamento do consumidor.
Estejamos preparados!
Para saber mais sobre o assunto:
* Dr. David Lewis (que se intitula o Pioneiro do NeuroMarketing) – inglês
* Gonzaga Jr., Lucas – Artigo Neurociência e NeuroMarketing – Nova “arte” da Pós-Modernidade? Belo Horizonte/MG (português)
e Compramos”, publicado esse ano. Versão brasileira do “Buyology” de Martin Lindstrom, Considerado a maior pesquisa sobre Neuromarketing já realizada até o momento.
* Vídeo sobre Buyology (em inglês)