– Americano – chão frio, pé direito alto, restaurante fraco e recepção tradicional. Eficiência é mais importante que afeto ou luxo. Construções geralmente novas, verticais e com ênfase na tecnologia. Palavra chave: Funcionalidade.
– Europeu – tapetes, plantas, pé direito mais baixo e, nos mais tradicionais, check-in sentado. Modelo que valoriza as mordomias e cerimônias, no qual o antigo tem valor. Maior integração com a natureza. Palavra chave: Conforto.
Esses rótulos estão acabando, e os dois modelos se mesclando. Muitos executivos e investidores hoteleiros já entenderam que o inteligente, em termos de construção e decoração, é agregar o melhor dos dois mundos.
Os hóspedes agradecem. Afinal de contas, um hotel é muito mais que “dormir fora de casa”. Para muitos, a hospedagem é diversão, negócios, fuga da rotina (turismo cultural), novos conhecimentos (para quem participa de eventos) etc. Não há mais espaço para hotéis engessados. Versatilidade é essencial nessa indústria.
Com base nisso, a onda do design tomou conta da hotelaria. Hoje encontramos bares temáticos, restaurantes incríveis, salas de eventos interativas, fitness e lobbys sensacionais. E, por falar em lobby, esse é o ponto primordial com o qual você pode ganhar ou perder o cliente.
Lembre-se da importância da primeira impressão. Até então, o viajante só tinha a promessa (comentários dos amigos, propaganda, reportagens, seu site, redes sociais etc). Esse é o momento no qual toda sua expectativa começa a tomar forma.
Não é à toa que decoradores de todo o mundo têm dedicado atenção especial aos lobbys. É só reparar nas últimas renovações. O novo lobby do Hotel InterContinental São Paulo é um bom exemplo disso.
A tendência da arquitetura e da decoração como parte da estratégia dos hotéis não para por aí. Ambientes cada vez mais sensoriais estão sendo trabalhados como suporte à imagem e à percepção da marca. Bibliotecas, galerias de arte e exposição, salas privativas para trabalho, sala de jogos, playground e áreas de convivência ao ar livre já são encontrados até nos hotéis corporativos mais tradicionais. Mas será que é preciso ser um hotel de luxo ou ter muito capital para investir nesse tipo de ambientação?
A resposta é não. A criatividade su
perou a ostentação. O luxo e o requinte excessivos deram espaço à funcionalidade e ao bom gosto. Você não precisa contratar o Philippe Starck ou o Ian Schrager para decorar seu hotel. Mas nada o impede de utilizar suas duas ideias principais:
– Apartamentos – decoração intimista, foco no conceito “casa fora de casa”, passando sensação de segurança e alívio. Armários, mesas e sofás são dimensionados de acordo com a permanência média dos hóspedes. Além, claro, do básico: móveis resistentes, boa acústica, proibido ar-condicionado de janela e funcionalidade com tomadas e conexões em geral.
Existem empresas especializadas em decoração de interiores e arquitetura hoteleira aqui no Brasil que esbanjam bom gosto. Aliás, bom gosto é o desafio. Na ansiedade de criar algo diferente, vemos hoteleiros “perderem a mão” com carpetes psicodélicos nas áreas de eventos, iluminação cansativa, apartamentos nada funcionais que, com a desculpa de ser design, acabam tornando a hospedagem estressante.
Outros vão ainda mais além. O caso clássico é dos cofres com abertura lateral para deixar o laptop carregando. Atenção: isto esquenta demais o equipamento e pode queimá-lo. Você voltaria para um hotel que fez você perder todo o conteúdo e ainda inutilizou seu computador?
TendênciasTambém é importante ampliar a visão. Design é algo que está presente não só na decoração, mas na arquitetura, na natureza, na vista da janela, nos pequenos detalhes. As paredes de vidro e as plantas do lobby do Tivoli São Paulo ou a vista da Ponte Estaiada do Sheraton WTC são exemplos dessa beleza.
– Ambientes onde as pessoas podem usar e abusar sem regras;
– Proporcionar conforto;
– Valorizar o hábitat;
– Flores e plantas, sempre naturais;
– Se você deseja coisas boas, perfeito. Não é justo que outras pessoas sofram por causa disso. Não é mais aceitável que os materiais de construção e decoração do seu hotel sejam provenientes de uma cadeia de produção que gera exploração ou pobreza;
– Madeira de demolição;
– Luz natural;
– Sensação de escapismo (mesmo em hotéis corporativos);
– Estética não é mais fundamental. Harmonia e bem-estar sim.
Para finalizar, o escritório britânico WGSN define três grandes tendências mundiais como novos caminhos estéticos:
2) Eco-Hedonismo – Surge um novo luxo em paralelo à natureza. Sustentabilidade combinada com o hedonismo. O que era uma técnica de sobrevivência agora é um caminho luxuoso para o consu
mo.
Muito viajante? Bem, grandes designers são grandes artistas, e esse pessoal vive de grandes inspirações.