Essa é a frase que inicia o ótimo estudo da Deloitte, Hospitality 2015, lançado em Julho de 2010. Depois do sucesso do Hospitality 2010, lançado há mais de 5 anos, eles resolveram chamar um time de profissionais super qualificados para analisar, pesquisar e entrevistar líderes do segmento com o objetivo de prever o futuro da indústria da hospitalidade.
– O valor da marca para os consumidores;
– O desenvolvimento e retenção de capital humano (folha de pagamento representa em torno de 45% das despesas de um hotel e o turnover chega a mais de 30%. O processo de recrutamento, bonificação e retenção deverão ganhar muito mais atenção).
Começamos com uma pesquisa incluída no estudo, e que o World Travel and Tourism Council (WTTC) publicou em março desse ano.
Quanto o turismo dos países abaixo deve crescer por ano até 2015:
1) China – 11% (sediou o Expo 2010)
2) Índia – 8% (sediou o Commonwealth Games 2010)
3) Ásia (South East) – 7%
4) África (West) e Rússia – 6% (Rússia sediará os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014)
5) Brasil – 5% (Não me conformo com África e Rússia crescendo mais em turismo que o Brasil. E o pior é que já estão sendo considerados a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016).
7) África (Norte) e Estados Unidos – 4%
– O foco no produto (físico) dá lugar à entrega da promessa da marca e se transforma em experiência. O design assume posto importante nos hotéis;
– Nos Estados Unidos, os baby boomers (46 aos 64 anos) ainda são responsáveis por 40% do consumo. Eles irão se aposentar em breve, mas ainda serão importantíssimos para o turismo, afinal, terão mais tempo para viagens e entretenimento. Em 2015 terão entre 51 e 69 anos somente. A comunicação com eles deve ser leve e atitudes que estejam conectadas com um jeito jovem de aproveitar a vida;
– As classes médias dos países emergentes vão crescer. O PIB da China vai dobrar até 2015 e eles prevêem 50 milhões de chineses viajando para o exterior. Hotéis midscale e econômicos deverão
ganhar mais atenção para atender esses novos hóspedes. Como disse Frits van Paasschen, CEO da Starwood Hotels & Resorts: “Metade da humanidade é da classe média, e a classe média precisa de hotéis…”
– Marcas locais ainda dominam os mercados emergentes. Nos BRICs (se você não sabe que significa essa sigla, pesquise urgente), em 2004, 29% dos novos quartos de hotéis pertenciam a redes hoteleiras. No final de 2009, esse número já era 35% e a perspectiva é que chegue a 44% se todos os projetos em vigor hoje se concretizem. Na China, por exemplo, o número de hotéis independentes passou de 72% em 2004 para somente 32% em 2010. Em países maduros como EUA e UK, o percentual de hotéis de rede pula para 68%.
Com base nesses dados, as marcas que vão se sobressair até 2015 serão aquelas que conseguirem engajar mais seu hóspede e deixarem claro o seu diferencial perante a concorrência. Programas de fidelidade continuarão a fazer diferença.
– O acesso a internet vai aumentar 50% até 2015. Hoje já são 1,5 bilhões de pessoas conectadas. Os players que pretendem manterem-se no mercado deverão abraçar o mundo digital e aprender a entregar sua marca através de múltiplos canais. 65% das reservas de hotéis no mundo já são feitas online. “Networking será a segunda atividade mais popular na internet em 2012. Isso vai ultrapassar compras e comunicações com email. Portanto, os hoteleiros devem entender o quanto antes sobre esse canal ou serão deixados para trás“, confirma Aleck Schleider, Vice Presidente da Media Strategy and Services, TravelClick;
– CRM (Customer Relationship Management) será posto em cheque, pois seu impacto nas vendas foi irrelevante desde 2005. A questão não é sua importância, mas como tem sido trabalhado até hoje. Ele deve ser entendido como parte estratégica do negócio e não uma questão tecnológica (como a maioria dos hotéis encara);
– Os smartphones ganham a cena e o mundo mobile deverá estar presente em qualquer estratégia de comunicação e venda de um hotel. Seus clientes estão em movimento e você precisa acompanhá-los;
– As redes sociais se tornarão parte do processo de decisão de compra e serão vitais para o fortalecimento da marca. O desafio é a consistência na mensagem da marca.
– Hoteleiros e OTAs (Online Travel Agencies) trabalharão mais em conjunto. Ambos querem vender diárias e as OTAs podem ajudar os hotéis pelo seu conhecimento do consumidor e investimentos em tecnologia. O desafio das OTAs é ser visto como um parceiro confiável pelos hoteleiros e conseguir parceiros locais para entrar em mercados emergentes;
– Tarifas transparentes e condizentes com a entrega da sua marca serão mandatórias, pois a internet proporcionará um ambiente ilimitado para a comparação de preços. Os clientes se tornam cada vez mais conscientes do “valor” das coisas;
je só encontradas em hotéis de luxo, estarão presentes em todas as categorias. O que leva o segmento cinco estrelas a investir constantemente em inovação para surpreender seus hóspedes.
Um exemplo disso pode ser a escolha (antecipada) de preferências no seu apartamento, corriqueira para o hóspede de 2015. Ele já terá escolhido previamente o tipo de piso, iluminação, itens do
frigobar, amenities e se gostaria de encontrar a banheira cheia (com temperatura a 35º) no seu apartamento. Tudo isso feito pelo seu smartphone, algumas horas antes do check in.
Mas a pergunta ainda fica no ar: “Será que os hóspedes realmente querem tudo isso?” Como dito acima, eles é quem decidirão. Cabe aos hotéis se adaptar.
3) Sustentabilidade
O investimento em ações sustentáveis fará, cada vez mais, a diferença na mente do consumidor. Entretanto, poucos estarão preparados para pagar o preço por “hotéis verdes”. Um quarto de hotel midscale (nos EUA) gasta US$ 2.196 em energia, o que representa 6% do total dos custos operacionais. Já nos hotéis de luxo, a preocupação com o consumo de água (em spas, piscinas, etc) também é alta.
95% dos turistas acham que a hotelaria deveria estar mais envolvida com iniciativas ligadas a sustentabilidade, afinal isso é um problema social que afeta a todos nós. Grandes redes como Hilton, IHG e Marriott já colocaram ações sustentáveis dentro do seu plano estratégico para os próximos cinco anos, com metas e programas bem definidos.
Quanto aos hotéis de luxo, por já estarem chegando a uma saturação no mercado, deverão se diferenciar muito mais da concorrência do que no passado. As marcas que oferecerem algo
realmente único e investirem em inovação sairão ganhando.
As homepages dos hotéis de luxo ainda são muito parecidas, com as palavras “luxo” e “experiência” aparecendo o tempo todo. Nos próximos cinco anos, o estudo sugere uma grande diferenciação para conseguir a fidelidade do viajante de alto padrão.
A funcionalidade dará lugar ao estilo de vida, imagem e experiência específica (cada vez mais personalizada). A conexão emocional com o hóspede será vital. O maior desafio desse segmento continuará sendo “consistência”. Uma experiência ruim em um dos hotéis da rede pode afetar toda a imagem da marca.
O segredo aqui é crescer (abrindo novos hotéis) ganhando economia de escala sem prejudicar o apelo de boutique. Sobreviverão os lifestyle hotels!
Se preferir, vou disponibilizar o estudo através do www.twitter.com/gabrielaotto nos próximos dias.